Mortos no trânsito

O número de motos no Ceará cresce a cada dia. Isto não surpreende, pois se trata de um veículo de custo acessível, dimensões reduzidas e com deslocamento ágil, elemento importante, sobretudo nas grandes cidades que sofrem com os corriqueiros engarrafamentos. Segundo o Detran, há no Ceará 867.881 motos, sendo 675.662 no Interior e 192.219 na Capital. Apenas 158.116 motociclistas são habilitados. 

Entre 2002 e 2011, o número de motociclistas mortos no trânsito passou de 258 para 761, o que significa um aumento de 195% O número total de motociclistas vítimas do trânsito (mortos e feridos) passou de 3656 para 6366 (aumento de 74%). Em 2011, entre as vítimas fatais, 45% foram motoqueiros ou garupeiros. Vias inadequadas para a crescente utilização deste veículo e o desrespeito de que são vítimas em um trânsito desumanizado aumentam os riscos para os motociclistas. Adicione-se a isto a própria sobrecarga de trabalho, a imperícia, a negligência, o uso do álcool e outras drogas psicoativas. Muitos motociclistas desafiam as regras de trânsito e a própria sorte. São afoitos e não respeitam ninguém, sem perceber quão expostos se encontram a graves traumatismos decorrentes de acidentes no trânsito. Na cabeça, um capacete, nem sempre de melhor qualidade. É oportuno lembrar que nossa vulnerabilidade não se concentra apenas na cabeça, guardiã de uma porção nobre do organismo. Ela se estende por todo o corpo. Não há partes sem importância. As lesões em membros e no tronco também podem produzir grave incapacidade, temporária ou permanente, e até óbito. Portanto, os motociclistas devem ter consciência dos riscos a que se encontram sujeitos. Na tentativa de redução de acidentes, é importante que os motociclistas evitem ziguezaguear nas rodovias, usem roupas adequadas, respeitem a velocidade, evitem subir nas calçadas ou ultrapassagens inseguras. As leis de trânsito são benefícios criados para organização do tráfego e proteção da população. Quando obedecidas e associadas à cortesia no trânsito reduzem o número de vítimas, sobretudo aquelas mais vulneráveis (motociclistas e pedestres). Podemos melhorar as estatísticas!

Celina Côrte Pinheiro (médica) 

Fonte: JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE: DATA 16/09/12 CADERNO OPINIÃO: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1181800